domingo, 25 de dezembro de 2011

Girafas em Crocodile River Road (S25)

A primeira vez que vimos girafas no Kruger foi, de fato, um momento mágico, de tirar o fôlego. Ficamos os três extasiados quando vimos os cinco animais juntos, bem perto da estrada, cruzando-a, andando próximos aos carros, deixando bem claro que animal grandioso, majestoso uma girafa é. Ainda assim, são animais que passam um inegável ar de serenidade. Na foto abaixo, a proximidade entre a girafa que cruzava a estrada e o carro salienta sua grande altura.


Nesta foto, temos ainda um registro da relação entre os animais da savana e os pica-bois-de-bico-vermelho (Buphagus erythrorhynchus), que consomem carrapatos presos à pele de grandes mamíferos, principalmente zebras, rinocerontes, girafas, antílopes, búfalos. Esta parece ser, em princípio, uma relação mutualística, mas há polêmica a respeito, uma vez que os pica-bois podem também coletar sangue e muco dos animais, freqüentemente bebendo sangue de feridas abertas. Mas o que isso significa? Pode ser que ainda assim a relação seja mutualística, na medida em que a área é limpa e a infestação por larvas de mosca se torna menos provável. Contudo,  como a ferida fica aberta e com maior dificuldade de ser curada, a situação também pode ser desvantajosa para os mamíferos, o que configuraria uma relação parasítica. É claro que não devemos perder de vista que as relações ecológicas não precisam necessariamente ajustar-se de modo estanque em nossas classificações. A relação entre pica-bois e mamíferos pode ter uma natureza dinâmica, sendo parasítica ou mutualística a depender de outros fatores intervenientes.

Na foto abaixo, um pica-bois-de-bico-vermelho pode ser visto em maior detalhe.

  
Sendo o mais alto de todos os animais atualmente existentes que vivem em ambiente terrestre, e também o maior dos ruminantes, não é difícil entender por que a girafa parece tão majestosa em seu movimento, flutuando por sobre a vegetação da savana. 


Contudo, também ajuda nessa percepção de que flutuam em seu movimento o fato de que, ao andar, não se movem alternando as patas dianteiras e as patas traseiras, o que leva ao balouçar típico dos grandes mamíferos terrestres, mas com as duas patas do mesmo lado ao mesmo tempo, o que faz com que pareçam deslizar. A aparente inflexibilidade das patas também contribui para essa impressão. Além do andar, as girafas também galopam, com as patas dianteiras e traseiras trabalhando aos pares, com os animais trazendo suas pernas para diante e por fora das patas dianteiras e, em seguida, levantando as patas dianteiras e empurrando com as patas traseiras, o que as impulsiona para a frente. Desse modo, chegam até a 60 Km/h, mas não são capazes de manter o galope por muito tempo. 

As girafas alcançam uma altura entre 5 e 6 metros, sendo os machos maiores do que as fêmeas; Os machos pesam, em média, 1;200 Kg e as fêmeas, 830 Kg.

Elas são facilmente reconhecidas por seu formato corporal alongado, com corpos relativamente curtos e pernas e pescoços muito longos. Os pescoços podem ter mais de 2 m de comprimento, respondendo por quase metade da altura dos animais. O comprimento do pescoço é devido ao tamanho das vértebras cervicais, não da adição de mais vértebras. Ele tem alguns custos fisiológicos, estando associado a várias adaptações presentes nas girafas, por exemplo, em seu sistema circulatório. O papel de tais adaptações se torna claro quando constatamos que seus corações estão 2 m acima de seus cascos e 3 m abaixo de seu cérebro. O tamanho do cérebro é relativamente pequeno – ele pesa apenas 680 g – provavelmente devido ao comprimento do pescoço, uma vez que seria necessária muita energia para fornecer oxigênio a um cérebro maior na extremidade do longo pescoço.



Machos usam seus pescoços para se atingirem durante combates, um comportamento que observamos algumas vezes em nossa viagem pelo Kruger.  Há combates de baixa intensidade, que parecem cumprir o papel de avaliar seus pesos comparativos: elas esfregam seus pescoços, forçando-os um com o outro, sendo o vencedor o macho que conseguir ficar mais ereto. Num combate de alta intensidade, as girafas atingem os troncos e pescoços umas das outras, usando também seus cornos para atingir o oponente. Elas procuram esquivar-se das pancadas e contra-atacar com seus pescoços. A força da pancada depende do peso do crânio e da intensidade com que a girafa balança seu pescoço. O perdedor é o animal que perder seu equilíbrio. Muito raramente os combates levam a ferimentos sérios e, em geral, são decididos rapidamente, mas podem durar até mais de meia hora. Ao término do combate, o vencedor monta seu oponente para mostrar dominância. Estas brigas têm papel importante no estabelecimento das hierarquias sociais. Os machos dominantes têm acesso a múltiplas fêmeas.

Há duas hipóteses principais propostas para explicar a origem evolutiva dos longos pescoços das girafas. Darwin propôs originalmente a hipótese da competição no forrageio com herbívoros menores, como kudus e impalas, por exemplo, o que teria levado à vantagem de girafas com pescoços cada vez mais longos, que forrageariam em alturas que estes outros herbívoros não alcançam. Embora esta vantagem exista e haja evidência de que a competição é intensa no forrageio em menores alturas, hoje há controvérsia sobre esta hipótese, em vista da discordância quanto ao tempo que as girafas de fato gastam alimentando-se a alturas fora do alcance dos outros herbívoros. Outra hipótese é baseada na seleção sexual e propõe que os longos pescoços evoluíram como uma característica sexual secundária, por propiciar aos machos uma vantagem nos combates com outros machos para estabelecer dominância e obter acesso às fêmeas, nos quais eles empregam os pescoços. Esta teoria é apoiada pelo fato de que os machos têm pescoços mais longos e pesados do que as fêmeas e de que esta é a única forma de combate registrada entre eles. Ocapis, os parentes mais próximos da girafa ainda existentes, usam mordidas, chutes, cabeçadas, mas nada disso é observado entre os machos das girafas. Contudo, esta hipótese não explica adequadamente por que as fêmeas também possuem longos pescoços. Talvez isso possa ser explicado pelas bases fisiológicas para o desenvolvimento do pescoço, mas isso ainda precisa ser feito. Como é usualmente o caso na ciência, que tem como uma de suas características fundamentais a natureza mutável de seu conhecimento, a situação não está decidida no presente e testemunharemos nos anos vindouros mais desenvolvimentos na discussão destas hipóteses. Sobre este assunto, vocês podem examinar: Simmons, R. E. & Scheepers, L. (1996). Winning by a Neck: Sexual Selection in the Evolution of Giraffe. The American Naturalist, Vol. 158, pp. 771-786; Cameron, E. Z. & du Toit, J. T. (2007). Winning by a Neck: Tall Giraffes Avoid Competing with Shorter Browsers. The American Naturalist, Vol. 169, pp. 130-135.  

Talvez a hipótese mais provável seja combinar vários fatores, considerando uma série de vantagens conferidas por sua altura, tais como proteção da predação, vigilância aumentadae, nos machos, dominância sexual e acesso a nutrientes (Mitchell, G. & Skinner, J. D. 2003. On the origin, evolution and phylogeny of giraffes Giraffa camelopardalis. Transactions of the Royal Society of South Africa 58: 51-73).

As girafas também apresentam belos cornos, formados por cartilagem ossificada.  Os cornos são bem vascularizados e podem ter função termorregulatória. A aparência dos cornos propicia um método confiável para identificar os sexos das girafas: fêmeas têm cornos com tufos de pêlos no topo, enquanto os machos possuem cornos maiores, que tendem a ser desnudos no topo. Uma das girafas que vimos na Crocodile River Road (S25) tinha um dos cornos menor do que o outro, como pode ser visto na fotografia abaixo. Considerando os pêlos sobre os cornos, trata-se provavelmente de uma fêmea. 


Girafas comem ramos, folhas, frutos e, raramente, gramíneas.  Ao alimentar-se, a girafa usa sua língua, seus lábios e seu palato, que são suficientemente duros para lidar com os espinhos de árvores como as acácias. Os lábios musculares altamente móveis ajudam a retirar as folhas dos ramos espinhosos com eficiência. Sua língua, de coloração cinza azulada, tem cerca de 45 cm de comprimento e é preênsil e poderosa, habilmente facilitando a coleta das folhas e seu transporte até a boca. Na foto abaixo, pode-se visualizar uma girafa usando a língua em sua alimentação, ainda que discretamente. 


As girafas se distribuem do Chad, ao norte da África, até a África do Sul, e do oeste ao leste da África, mas de maneira bastante dispersa.Elas geralmente habitam savanas, campos de gramíneas e florestas pouco densas, preferindo áreas ricas em acácias, que são importantes em sua dieta. O parente vivo mais próximo da girafa é o Ocapi (Okapia johnstoni), que não é encontrado no sul da África. As duas espécies são parte de uma família, Giraffidae, que já foi muito mais extensa, contando com dez gêneros fósseis descritos. O gênero Giraffa evoluiu na China e no norte da índia e, há cerca de 7 milhões de anos, chegaram à África através da Etiópia. Mudanças climáticas levaram, então, as girafas asiáticas à extinção, enquanto as africanas sobreviveram e originaram várias espécies novas, entre elas Giraffa camelopardalis, que surgiu há 1 milhão de anos na África oriental, durante o pleistoceno.

São reconhecidas atualmente nove subespécies de girafa, com diferenças em tamanho, coloração, padrão da pelagem e distribuição. A subespécie encontrada na África do Sul é Giraffa camelopardalis giraffa, apresentando manchas relativamente arredondadas, algumas com extensões estreladas, contra um fundo castanho claro, descendo até os cascos. Estima-se que existam menos de 12.000 indivíduos desta espécie em ambiente nativo (das quais mais de 5.000 se encontram no Kruger!) e cerca de 45 em Zoológicos (ver https://app.isis.org/abstracts/Abs77545.asp).

Cada girafa tem um padrão único de pelagem, tão específico quanto nossas impressões digitais. Esta é uma característica notável quando elas são vistas em grupo, como vimos na Crocodile River Road (S25). Olhando para cada indivíduo, era possível diferenciá-los examinando o padrão da pelagem. A girafa da foto abaixo, por exemplo, possuía, entre as cinco, as manchas mais escuras, sendo provavelmente um macho, já que estes são usualmente mais escuros do que as fêmeas. Além das manchas escuras, notem a articulação dos joelhos, poderosas como necessário para sustentar um animal tão alto.


O padrão da pelagem pode servir para camuflagem, porque mimetiza a combinação de luz e sombra da vegetação da savana. As manchas também cumprem o papel de janelas térmicas, com importante função termorregulatória, dado que as girafas não são capazes de suar ou arfar. A pelagem também funciona como defesa química, sendo repleta de substâncias químicas aromáticas que servem como repelentes de parasitas, dando ao animal um odor característico. Machos têm odor mais forte do que as fêmeas, o que leva à suspeita de que também tem função sexual.

Na foto abaixo, que mostra um detalhe da cabeça de um dos indivíduos que observamos, pode-se ver a presença de uma crina marrom, composta de pêlos curtos e firmes.


Na foto abaixo, por sua vez, pode ser visto o tufo terminal de pêlos negros, ao final da cauda, que é usado para espantar moscas e outros insetos voadores. Além disso, esta foto deu início a uma atividade muito divertida durante nossos dias no Kruger, a construção do que chamamos de um “calendário de bundinhas animais”, que logo ficará disponível neste blog!


Nesta foto, vemos um dos olhos de uma das girafas. Estes animais apresentam olhos proporcionalmente grandes, em comparação com outros ruminantes, como cervos e bovídeos, por exemplo. Estes grandes olhos ajudam a localizar comida e predadores à distância, desde a perspectiva elevada em que vivem as girafas. São também animais que têm visão colorida, o que ajuda no reconhecimento intra-específico. Além disso, apresentam audição e olfato aguçados.


Embora seja comum vê-las reunidas, elas não permanecem juntas por mais do que algumas poucas horas, com a composição dos grupos sendo mais fluida do que em outros ungulados sociais. Os animais tendem a mover-se livremente de um grupo a outro e as únicas associações mais evidentes são entre as fêmeas e seus filhotes. Os machos adultos tendem a ser solitários e nômades, movendo-se entre grupos de fêmeas para verificar a receptividade reprodutiva de fêmeas de diferentes grupos. Isso ocorre o tempo todo, porque não há estação reprodutiva fixa.

Machos subadultos podem ser encontrados juntos às fêmeas, ou podem formar grupos de machos, que podem ser vistos brincando de combates com seus pescoços, como um meio de aprendizagem para os futuros combates pelas fêmeas.

Tivemos a sorte de vê-las reunidas muitas vezes no Kruger, como nesta primeira ocasião em que as vimos, em número de cinco. De fato, grupos de girafas usualmente contêm poucos membros, embora ocasionalmente grupos com 40 animais ou mais possam se formar.

 
A reprodução é polígama, com alguns machos mais velhos fertilizando as fêmeas férteis. Durante a corte, os machos dominantes afastam os subordinados observando-os e andando em sua direção. As fêmeas prolongam a corte tanto quanto possível, de modo que somente os machos mais dominantes chegam a cruzar com elas. Durante a cópula, o macho monta a fêmea, deslizando suas pernas dianteiras sobre ela sem apertá-la. Infelizmente, não vimos nenhuma cópula entre as girafas que observamos no Kruger. A foto abaixo mostra detalhe da genitália de um macho que se encontrava no grupo que vimos na Crocodile River Road.

 
A gestação das girafas dura entre 400 e 460 dias, após os quais em geral um único filhote nasce, com ocasionais nascimentos de gêmeos. Os filhotes nascem com 1,8 m de altura. Eles são criados principalmente pelas fêmeas. Quando cuidam dos filhotes, elas podem formar grupos que duram por mais tempo, de semanas a meses. Nestes grupos, observa-se cuidado aloparental, uma vez que as mães deixam seus filhotes com outra fêmea enquanto se deslocam para outras áreas. Em geral, eles se juntam em grupos de até 10 filhotes cuidados por um ou dois adultos.

Embora possam caminhar poucas horas depois de nascer, em suas duas primeiras semanas de vida os filhotes passam a maior parte do tempo deitados, camuflados por sua pelagem e sendo cuidados pela mãe. Os filhotes mamam por 13 meses e permanecem junto com suas mães por mais 2 a 5 meses. A maturidade sexual é alcançada com 4 a 5 anos de idade.

Os adultos são quase invulneráveis à predação, sendo mais vulneráveis quando estão bebendo água. Filhotes são predados por leões, leopardos, hienas pintadas e cachorros selvagens africanos. Eles são protegidos por suas mães, que chutam predadores que se aproximam. Estes chutes poderosos são uma defesa usual das girafas contra predadores, podendo chegar a matá-los. Leões são capazes de matar girafas adultas se conseguirem derrubá-las e então morder sua garganta ou nariz. No Kruger, girafas de qualquer idade são uma importante fonte alimentar para os leões. Crocodilos do Nilo também capturam girafas quando elas se abaixam para beber.

De um quarto à metade das girafas que nascem chegam à idade adulta. O tempo de vida máximo observado em ambiente selvagem foi de 25 anos e em cativeiro de 28 anos.

Na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza), a espécie se encontra na categoria Pouco Preocupante (Least Concern). Contudo, ela foi eliminada de mais de 50% de sua distribuição original, devido à caça excessiva e à perda de habitat, combinadas com epidemias periódicas de doenças trazidas pelo gado. Isso também resultou em fragmentação de sua distribuição. Algumas subespécies estão em perigo de extinção. Embora seus números estejam declinando, ainda são encontradas em numerosas reservas. A girafa é uma espécie protegida na maior parte de sua distribuição atual. Sua sobrevivência é dependente, portanto, dos esforços de conservação. No sul da África, por exemplo, suas populações se encontram estáveis ou em expansão, graças às reservas. Em termos gerais, contudo, uma queda notável foi observada na população total de girafas da África, de 140.000 em 1999 a menos de 80.000 em 2010.

The first time we saw giraffes in the Kruger was indeed a magical moment, it took our breath away. We stayed all three astonished when we saw the five animals together, very close to the road, crossing it, walking nearby the cars, making it very clear what a remarkable, majestic animal a giraffe is. Nonetheless, these are animals that also convey an undeniable atmosphere of serenity. In the first picture above, the proximity between the giraffe crossing the road and the car highlights its great height.

In the first picture, we also witness the relationship between savannah animals and red-billed oxpeckers (Buphagus erythrorhynchus), which eat ticks in the skin of great mammals, mostly zebras, rhinos, giraffes, antelopes, buffalos. This seems to be, at first, a mutualistic relationship, but there is controversy about it, since the oxpeckes can also collect blood and mucus from the animals, often drinking blood from open wounds. But what does this mean? The relationship can be still mutualistic, to the extent that the area is cleaned and infestation by fly larvae becomes less likely. However, as the wound remains open and show more difficulty to get healed, the situation can be also disadvantageous to the mammals, what would mean that the relationship is parasitic. It is clearly the case that we should not lose from sight that ecological relationships do not necessarily adjust in a fixed manner to our classifications. The relationship between oxpeckers and mammals can have a dynamic nature, being parasitic or mutualistic depending on other intervening factors.

In the second picture above, a red-billed oxpecker can be seen in greater detail.

As the tallest of all extant animals living in terrestrial environments, and also the biggest ruminant, it is not difficult to understand why the giraffe look so majestic in the movement, floating over the savannah vegetation.
However, the perception that they float in their movement is also related to the fact that, when they walk, they do not move alternating front and hind legs, what leads to the typical swinging of the large terrestrial mammals, but with the two legs at the same side at the same time, what makes them look like sliding. The apparent inflexibility of the legs also contributes to this impression. Besides walking, giraffes also gallop, with front and hind legs working in pairs. The animal brings its hind legs ahead of and outside its front legs, and then lifts the front legs and pushes off with the hind legs, propelling it forward. In this manner, they reach up to 60 km/h, but cannot sustain the gallop for a long time.

Giraffes reach 5-6 meters in height, the males being larger than the females. The makes has an average weight of 1,200 kg, the females, of 830 kg.

They are easily recognized by their elongated body shape, with relatively short bodies and very long necks and legs.

The necks can be over 2 m in length, accounting for nearly half of the animals’ height. The length of the neck is due to the size of the cervical vertebrae, not to the addition of more vertebrae. It has physiological costs, being associated with several adaptations exhibited by giraffes, for instance, in their circulatory system. The role of these adaptations becomes clear when we consider that their hearts are 2 m above their hooves and 3 m below their brains. The size of the brain is relatively small – it has only just 680 g of weight –, probably due to the length of the neck, since too much energy would be needed to furnish oxygen for a larger brain at the end of the long neck.

Males use their necks to hit each other during fights, a behavior called necking, which we saw sometimes in our trip through the Kruger. There are low-intensity fights, which seem to allow them to evaluate their comparative weights: they rub their necks, forcing them against each other, and the winner is the male that manages to hold itself more erect. In high-intensity necking, the giraffes hit each other’s rump, flanks or necks, using also the horns to blow at the opponent. They try to avoid being hit and counter-attack with their necks. The power of the blow depends on the weight of the skull and the intensity with which the giraffe swings his neck. The loser is the animal that loses their equilibrium. Very rarely the fights result in serious injuries and they are generally decided rapidly, but they can last for over half an hour. At the end of the fight, the winner mounts his opponent to show dominance. These fights play an important role in the establishment of social hierarchies. The dominant males have access to multiple females.

There are two main hypotheses proposed to explain the evolutionary origins of the giraffes’ long necks. Darwin originally proposed the competing browsers hypothesis, according to which competition with smaller herbivores, such as kudus and impalas, for instance, would have led to an advantage for giraffes with increasingly longer necks, which would forage at heights the other herbivores do not reach. Although this advantage does exist and there is evidence that competition is intense at lower heights foraging, today there is controversy around this hypothesis, due to disagreements about how much time the giraffes indeed spend feeding at heights beyond the reach of the other herbivores. Another hypothesis is based on sexual selection and proposes that the long necks evolved as a secondary sexual trait, giving males and advantage in necking with other males to establish dominance and obtain access to the females. This theory is supported by the facts that males show longer and heavier necks than females and this is the only form of combat recorded between them. Okapis, the closest extant relatives of giraffes, use biting, kicking, head wrestling, but nothing of the sort is observed between giraffe males. Nevertheless, this hypothesis does not explain in an adequate manner why females also exhibit long necks. Maybe this could be explained by the physiological background to neck development, but this is yet to be done. As it is usually the case in science, which has as a fundamental characteristic the mutable nature of its knowledge, the situation is not settled at present and we will witness in the years to come further development in the discussion of these hypotheses. On the topic, you can check: Simmons, R. E. & Scheepers, L. (1996). Winning by a Neck: Sexual Selection in the Evolution of Giraffe. The American Naturalist, Vol. 158, pp. 771-786; Cameron, E. Z. & du Toit, J. T. (2007). Winning by a Neck: Tall Giraffes Avoid Competing with Shorter Browsers. The American Naturalist, Vol. 169, pp. 130-135.

Maybe the most likely hypothesis is to combine several factors, considering several advantages conferred by its height, such as protection from predation, increased vigilance, and in males sexual dominance and access to nutrients (Mitchell, G. & Skinner, J. D. 2003. On the origin, evolution and phylogeny of giraffes Giraffa camelopardalis. Transactions of the Royal Society of South Africa 58: 51-73).

The giraffes also present beautiful horns, formed from ossified cartilage. The horns are well vascularized and may have a thermoregulatory function. The appearance of the horns provides a reliable method for identifying the sex of giraffes: the females exhibit horns with tufts of hair on top, whereas the males possess larger horns, which tend to be bald on top. One of the giraffes we saw at Crocodile River Road (S25) had one of the horns smaller than the other, as one can see in the fifth picture above. Considering the hair over the horns, it is likely to be a female.

Giraffes eat twigs, leaves, fruits and, rarely, grasses. When she feeds, the giraffes use their tongues, lips and palates, which are tough enough to deal with the thorns of trees like the acacias. Their highly mobile muscular lips help in efficiently stripping the leaves from the spiny branches. Their blue gray tongues are about 45 cm long and are prehensile and powerful, aptly facilitating to grasp the leaves and pull them into the mouth. In the sixth picture above, we can see a giraffe using the tongue to feed, albeit discreetly.

The giraffe’s range extends from Chad, in North Africa, to South Africa, and from the west to east Africa, but in a very scattered manner. They generally inhabit savannahs, grasslands, and open woodlands, preferring areas with plenty of acacia trees, which are important in its diet. The closes living relative of the giraffe is the Okapi (Okapia johnstoni), which is not found in southern Africa. The two species are part of a family, Giraffidae, which has already been larger, counting with ten described fossil genera. The genus Giraffa evolved in China in north India and, around 7 million years ago, it reached Africa through Ethiopia. Then, climate changes caused the extinction of the Asian giraffes, while the African ones survived and originated several new species, among them Giraffa camelopardalis, which appeared 1 million year ago in East Africa, during the Pleistocene.

Currently nine subspecies of giraffes are recognized, differing in size, color, coat pattern, and range. The subspecies found in South Africa is Giraffa camelopardalis giraffa, exhibiting relatively rounded spots, some with star-like extensions, on a light tan background, running down to the hooves. It is estimated that there are less than 12,000 individuals of this species in wild environments (of which more than 5,000 found in the Kruger!) and about 45 in Zoos (see https://app.isis.org/abstracts/Abs77545.asp).

Each giraffe has a unique coat pattern, as specific as our fingerprints. This is a noticeable characteristic when they are seen in group, as we saw in Crocodile River Road (S25). Looking at each individual, it was possible to differentiate them by examining the coat pattern. The giraffe in the seventh picture above, for instance, showed among the five the darker spots, being probably a male, since they are usually darker than the females. Besides the dark spots, notice the knee articulation, powerful as required for supporting such a high animal.

The coat pattern may serve as camouflage, since it mimics the combination of light and shade in savannah woodlands. The spots also play the role of thermal windows, with important thermoregulatory function, given that giraffes are not capable of sweating or panting. The fur also serves as chemical defense, since it is full of aromatic chemical substances that act as parasite repellents, giving the animal a characteristic scent. Males have a stronger scent than females, what leads to the suspicion that it also has a sexual function.
In the eighth picture above, which shows a detail of the head of one of the individuals we observed, one can see the presence of a brown mane made of short and stiff hairs.

In the ninth picture, in turn, one can see a terminal tuft of black hairs at the end of the tail, which is used to swat flies and other flying insects away. Moreover, this picture gave birth to a very fun activity during our days in the Kruger, the construction of what we called the “calendar of little animal asses”, which will soon be available in this blog!

In the tenth picture, we see one of the eyes of one of the giraffes. These animals possess disproportionately large eyes, compared with other ruminants, such as deer and cattle, for instance. These large eyes help in locating food and predators at a distance, from the elevated perspective in which giraffes live. They are also animals that have color vision, helping in intra-specific recognition. Moreover, they have acute hearing and olfaction.

Although they are commonly found together, they do not stay together for more than a few hours, with the group composition being more fluid than in other social ungulates. The animals tend to move freely from one group to another, and the only evident more associations are between females and their calves. Adult males tend to be solitary and nomadic, moving between female groups in order to verify the reproductive receptivity of females in the different groups. This happens all the time, since there is no fixed breeding season.
Subadult males can be found along with the females, or can form groups of males, which can be seen engaged in non-combative necking behavior, as a way of learning for future combats for the females.

We had the luck of seeing them together many times in the Kruger, as in this first occasion in which we saw them, in a number of five. Indeed, groups of giraffes usually contain a few members, although occasionally groups of 40 animals or more can be formed.

Reproduction is polygamous, with a few older males fertilizing the fertile females. During courtship, the dominant males displace the subordinates from the presence of the females by staring and walking towards them. The female prolongs the courtship for as long as possible, so that only the most dominant males manage to mate with her. During copulation, the male mounts the female, sliding its forelegs loosely on her. Unfortunately, we did not see any copulation between the giraffes we watched in the Kruger. The twelfth picture above shows a detail of the genitals of a male found in the group we saw in Crocodile River Road.

Giraffe gestation lasts between 400 and 460 days, after which generally a single calf is born, with occasional births of twins. Newborn giraffes are 1.8 m tall. They are raised mainly by the females. When taking care of the calves, they can form groups that last longer, from weeks to months. In these groups, one observes alloparental care, since the mothers leave their calves with another female while they travel to other areas. They generally gather together in groups of up to 10 calves taken care by one or two adults.
Although they can walk a few hours after being born, in their first two weeks of life the calves spend most of the time lying down, camouflaged by their fur and guarded by the mother. Calves suckle for 13 months and stay with their mothers for more 2 to 5months. Sexual maturity is reached with 4-5 years of age.

Adults are almost invulnerable to predation, showing more vulnerability when they are drinking water. Calves are predated by lions, leopards, spotted hyenas and African wild dogs. They are protected by their mothers, which kick the predators that get close to them. These powerful kicks are the usual defense of giraffes against predators, being even capable of killing them. Lions are capable of killing adult giraffes if they manage to make them fall over and then bite their throats or noses. In Kruger, giraffes of any age are an important food source for lions. Nile crocodiles also capture giraffes when they bend down to drink.

A quarter to a half of giraffes calves reach adulthood. The maximum lifespan observed in the wild was 25 years and in captivity, 28 years.

In the IUCN (International Union for Conservation of Nature) Red List, the species is classified in the category Least Concern. It has been eliminated, however, from more than 50% of its original distribution, due to overhunting and habitat loss, combined with periodic outbursts of cattle-borne diseases. This also resulted in the fragmentation of its distribution. Some subspecies are in danger of extinction. Although their numbers are declining, they are still found in many reserves. The giraffe is a protected species in most of its current distribution. Its survival is dependent, thus, on conservation efforts. In southern Africa, for instance, its populations are stable or expanding due to reserves. Generally speaking, however, a remarkable drop has been observed in the total population of giraffes in Africa, from 140,000 in 1999 to less than 80,000 in 2010.

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